Maduro da Venezuela persegue segundo mandato apesar da crise econômica
Os venezuelanos, em meio a uma crise econômica devastadora, começaram a votar no domingo em uma eleição boicotada pela oposição e condenada por grande parte da comunidade internacional, mas esperavam entregar ao impopular presidente Nicolas Maduro um novo mandato.
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Maduro, o herdeiro político do falecido esquerdista Hugo Chávez, presidiu a implosão da economia venezuelana que já foi rica na Venezuela desde que assumiu o poder, em 2013.
A hiperinflação, a escassez de alimentos e remédios, o aumento da criminalidade e das redes de água, energia e transporte provocaram conflitos violentos e deixaram Maduro com 75% de desaprovação.
Centenas de milhares de venezuelanos fugiram do país em um êxodo em massa nos últimos anos, enquanto o país entra em ruína econômica.
As pesquisas mais recentes colocaram Maduro no pescoço e pescoço com seu principal rival, Henri Falcon, um ex-oficial do exército que não conseguiu o endosso da principal oposição, que está amargamente dividida e pediu um boicote. Um terceiro candidato, o pastor evangélico Javier Bertucci, está mais para trás.
Um baixo comparecimento, no entanto, é esperado para que Maduro, que tem um controle rígido sobre as autoridades eleitorais e militares, tenha uma vitória confortável.
Vestindo uma camisa vermelha brilhante que o identifica como um "chavista", o presidente chegou cedo a uma assembleia de voto de Caracas junto com sua esposa, a ex-promotora Cilia Flores.
"Seu voto decide: cédulas ou balas, pátria ou colônia, paz ou violência, independência ou subordinação", disse o ex-motorista de ônibus e dirigente sindical de 55 anos.
Os comentários refletem declarações anteriores do líder socialista de que a Venezuela é vítima de uma "guerra econômica" travada pela oposição conservadora e poderes externos como os Estados Unidos, que visam derrubá-lo.
Quando as pesquisas foram abertas no domingo, Washington denunciou as "chamadas eleições" da Venezuela como "não legítimas".
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O chefe da campanha de Maduro, Jorge Rodríguez, disse que "mais de 2,5 milhões" dos 20,5 milhões de eleitores votaram na manhã de domingo, o que, segundo ele, aumentou bem o comparecimento do dia. Mas os correspondentes da AFP informaram centros de votação meio vazios em várias cidades.
- 'A vida de um cachorro' -
"Não estou participando dessa fraude", disse Maria Barrantes, 62 anos, professora aposentada. "O que estamos vivendo é um desastre."
Maritza Palencia, 58 anos, disse que votaria em "mudança", pois "meus quatro filhos fugiram para a Colômbia para me mandarem dinheiro".
Teresa Paredes, dona de casa de 56 anos, disse que "pela primeira vez na minha vida eu não vou votar porque estamos vivendo a vida de um cachorro, sem remédios, sem comida".
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Mas Rafael Manzanares, de 53 anos, que vive de ajuda do governo, disse acreditar na afirmação de Maduro de que "as coisas estão ruins por causa da guerra econômica" contra o país.
Consciente do humor popular, Maduro prometeu uma "revolução econômica" se reeleito.
Falcon prometeu dolarizar a economia, devolver as empresas expropriadas por Chávez e permitir ajuda humanitária, algo que o presidente rejeita.
"Não há vantagem quando as pessoas estão determinadas a mudar", ele twittou.
A eleição de rodada única escolherá um presidente para um mandato de seis anos que começa em janeiro de 2019. Cerca de 300 mil policiais e militares foram mobilizados para proteger as seções eleitorais, que abriram às 6h (horário de Brasília) e devem fechar às 18h. .
As eleições presidenciais são tradicionalmente realizadas em dezembro, mas foram promovidas este ano pela Assembléia Constituinte, toda poderosa e pró-governamental do país, pegando a oposição dividida e enfraquecida desprevenida.
A coalizão de oposição da Mesa Redonda da Unidade Democrática (MUD) ganhou apoio dos Estados Unidos, da União Européia e de 14 países do Grupo de Lima, que pediram que a votação fosse adiada.
Maduro é acusado de minar a democracia, usurpando o poder da legislatura dominada pela oposição, substituindo-a por sua Assembléia Constituinte e reprimindo duramente a oposição. Protestos em 2017, ainda frescos na memória coletiva, deixaram cerca de 125 mortos.
Os líderes mais populares do MUD foram marginalizados ou detidos, o boicote de sua única arma restante.
"Os Estados Unidos estão com nações democráticas em todo o mundo em apoio ao povo venezuelano e seu direito soberano de eleger seus representantes através de eleições livres e justas", disse a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Heather Nauert, no domingo.
Apesar de deter as maiores reservas de petróleo do mundo, o país enfrenta a ruína, com o FMI citando uma queda de 45% no PIB desde que Maduro assumiu em 2013.
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A indústria petrolífera danificada carece de investimento e seus ativos estão cada vez mais presos a liquidações da dívida, à medida que o país entra em default.
E pior, os EUA ameaçam um embargo de petróleo em cima das sanções que atingiram os esforços da Venezuela para renegociar sua dívida.
"A crise é tão severa que pode provocar atrito entre a aliança civil-militar ou o colapso social em escala muito maior", disse Phil Gunson, analista sênior do International Crisis Group.
"Parece provável que quanto mais o governo for incapaz ou não quiser lidar com a crise da Venezuela, maior a probabilidade de provocar mais instabilidade, potencialmente até entre as elites civis ou militares".
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