21 de dezembro de 2018

Coréia do Norte volta a tona

A Coréia do Norte diz que os EUA devem "eliminar completamente" seu arsenal nuclear em primeiro lugar, já que as negociações de paz alcançam o pior patamar


Declaração de Pyongyang diz que para a  desnuclearização deve  se incluir armas norte-americanas que ameacem uma região mais ampla e sugere que Washington "estude geografia"


A Coréia do Norte disse que não vai desistir de suas armas nucleares até que os EUA "eliminem completamente" seu próprio arsenal na região, uma demanda explosiva que ameaça atrapalhar as negociações de paz.

Em um comunicado divulgado pela agência de notícias oficial KCNA, a Coréia do Norte definiu claramente pela primeira vez o que considera a definição de "completa desnuclearização da península coreana", o objetivo vago concordado por Donald Trump e Kim Jong-un em uma cimeira em Singapura em junho.

Os EUA retiraram suas armas nucleares táticas da Coreia do Sul nos anos 90, mas mantêm um guarda-chuva capaz de defender a Coréia do Sul e o Japão.

Washington já descartou a redução dessa presença militar como parte de qualquer acordo. Ele sugeriu depois de Cingapura que Trump e Kim concordaram que a Coréia do Norte poderia desistir de suas armas nucleares em troca de "garantias de segurança" dos EUA.

Mas na quinta-feira a Coréia do Norte acusou os EUA de enganar o mundo sobre os resultados das negociações de junho. Afirma que Pyongyang sempre manteve sua antiga postura - que precisa de armas nucleares a menos que e até que não enfrente mais nenhuma ameaça militar americana.

Analistas disseram que a declaração pode ser uma tentativa da Coréia do Norte de mostrar que não vai se engajar em negociações de paz paralisadas até que uma concessão seja oferecida pelo outro lado.
"A declaração contundente pode ser um indicador de que o Norte não tem intenção de retornar à mesa de negociação tão cedo", disse Shin Beomchul, analista do Instituto Asan de Estudos Políticos de Seul, à Associated Press. "Está claro que o Norte pretende manter suas armas nucleares e transformar o processo diplomático em uma negociação bilateral de redução de armas com os Estados Unidos, em vez de um processo em que ele rende unilateralmente seu programa".Apesar de alguns passos terem sido dados este ano para melhorar as relações entre os vizinhos Coréia do Norte e Coréia do Sul, houve pouco progresso em conversações de paz mais amplas incorporando os EUA desde que Trump e Kim se encontraram.
O presidente dos Estados Unidos falou sobre a criação de uma segunda cúpula com Kim no início do ano que vem, mas vai querer garantir conquistas mais concretas nesse meio tempo para evitar simplesmente repetir as declarações publicadas em Cingapura.
O impasse veio como as demandas dos EUA para primeiro ver evidências claras de que Pyongyang está trabalhando para abandonar suas armas nucleares, enquanto a Coreia do Norte quer que as sanções sejam levantadas antecipadamente.
Em uma coletiva de imprensa em Washington no início desta semana, um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que não iria "dividir as palavras" quando questionado sobre a principal diferença se a promessa de "desnuclearização da península coreana" significa apenas a Coréia do Norte ou a região mais ampla.
"Estamos focados na desnuclearização da Coréia do Norte", disse Robert Palladino. "Continuamos confiantes e estamos ansiosos para os compromissos que o presidente Kim e o presidente Trump fizeram."

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