24 de abril de 2014

A crise vai se prolongar: Ucrânia anuncia que ação vai continuar em várias etapas; Rússia dá início a " exercícios militares " próximos à Ucrânia. Polônia quer privar UE do gás russo

Autoridades ucranianas prometem continuar operação militar no leste

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A operação militar no leste da Ucrânia será realizada em várias etapas, e uma delas terminou esta quinta-feira, declarou a vice-secretária do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Victoria Syumar.

"Nós não podemos anunciar essas etapas. Hoje, terminou com sucesso uma delas", acrescentou Syumar.
No entanto, a vice-secretária expressou a esperança de que os exércitos russos sejam realmente exercícios. "Nós também estamos prontos para responder em caso de agressão", disse ela.


Shoigu: exército russo inicia exercícios nas áreas fronteiriças com Ucrânia

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"Nas áreas fronteiriças com a Ucrânia, começaram os exercícios de grupos táticos das unidades combinadas dos distritos militares do Sul e do Oeste", disse o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu.

"Além disso, a aviação realizará voos para testar missões próximo da fronteira nacional", acrescentou Shoigu.
De acordo com ele, a operação militar ucraniana contra civis no Sudeste da Ucrânia envolve um grupo de tropas que conta com mais de 11 mil homens, 160 tanques, mais de 230 veículos de infantaria e veículos blindados, mais de 150 peças de artilharia e um grande número de helicópteros e aviões.



Donald Tusk quer privar a Europa do gás russo

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Angela Merkel ficou intrigada e até pasmada com a recente iniciativa do primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, que pretende criar uma aliança energética europeia para pôr termo à dependência da Europa do gás russo.

A audaciosa proposta será examinada em 25 de abril em Berlim, numa reunião dos chefes de governo dos dois países. Quais as perspectivas desse “combate à gasodependência”?
Em ótica do premier polonês, uma aliança energética contra Moscou seria, talvez, o único remédio para diminuir a dependência da Europa dos hidrocarbonetos russos. Donald Tusk considera que tal organismo poderá ser criado à semelhança da União Bancária Europeia. Incluirá a compra de mais gás aos EUA e Austrália, desenvolvendo em paralelo suas próprias fontes de energia alternativas – a hulha e o gás de xisto.
Hoje, as importações de gás russo são responsáveis por um terço das necessidades sumárias da UE em petróleo e gás. Manifestando “apreensões” pelo futuro da segurança energética, os dirigentes da Europa comunitária têm inventado vários esquemas com vista a reduzir a dependência das importações de hidrocarbonetos russos. Mas acontece que, nesses esquemas, predominam aspetos políticos e não económicos.
Ora, o premier polonês propôs criar uma estrutura única que assuma a responsabilidade pela aquisição de gás destinado aos 28 países- membros da UE. Isto apesar de Moscou ter apontado, mais de uma vez, que as entidades comunitárias, por exemplo, a Comissão Europeia, não são compradores. O consórcio russo Gazprom firmou contratos com os governos dos vários países, devendo todas as questões pendentes ser debatidos com eles.
O carvão também foi incluído na lista elaborada por Tusk para garantir apoio ao ramo carbonífero do seu país, assinala o diretor do Fundo de Desenvolvimento Energético, Serguei Pikin:
“Antes de mais, se trata da necessidade de desenvolver a indústria hulhífera, já que a Polônia continua sendo um dos principais fornecedores dessa matéria-prima na Europa. Devido às restrições ambientais, este setor perdeu um pouco de peso perante outras fontes de energia. Além disso, a Polônia compra o gás russo por um preço muito elevado. Por isso, uma das tarefas da nova aliança seria não reduzir a dependência, mas sim tentar pressionar Moscou para que ela diminua o preço do gás”.
O perito salienta ainda que a Polônia não dispõe de outros meios para negociar o preço de gás: o país não compra gás em grandes quantidades, se compararmos com as empresas alemãs. Daí, o surgimento dos interesses “comuns” e, ao mesmo tempo, comunitários.
O plano de Tusk prevê ainda a criação de um mecanismo específico que garanta a continuidade do fornecimento de produtos energéticos. “Independentemente dos acontecimentos na Ucrânia, uma lição a tirar é que uma dependência excessiva vem enfraquecendo a Europa”, aponta Tusk. Aqui convém notar que a Rússia parece dispensar mais cuidado às necessidades energéticas do Velho Mundo: foi por essa razão que se planejaram os oleodutos North Stream e South Stream, que não passam pela Ucrânia. Porém, Bruxelas tem envidado esforços para impedir a construção do South Stream.
Tal enfoque não parece muito sensato do ponto de vista económico: se o volume de gás for maior e os riscos de seu fornecimento forem menores, será mais fácil negociar o preço com a Rússia. No entanto, tal lógica não é aceite na Europa, guiada pelos Estados Unidos, que são ricos em gás de xisto, constata Alexander Pasechnik, do Fundo Nacional de Segurança Energética:
“Como sempre, Tusk quer agradar aos EUA e, sobretudo, agora quando se debate a questão de cancelamento das importações russas e as vias de sua eventual substituição. Mas, na realidade, tal programa não funciona apesar de ter entrado numa fase ativa, prevendo a substituição da Gazprom nos mercados do Velho Mundo. Em 2013, houve mais importações. A Europa não pode passar sem o gás russo. Antes pelo contrário, se verifica uma tendência inversa. Os programas de diversificação estão marcando passo contra a vontade dos seus autores.
Isto acontece por uma simples razão: não há agentes energéticos “internos” que possam vir a relançar a economia europeia. Sim, existe a Noruega, cujos fornecimentos podem ser equiparados ao volume das importações a cargo do Gazprom. Mas Oslo anunciou não ver fundamentos para aumentar a extração. Quanto às compras de gás liquefeito, o seu preço ao consumidor será semelhante ao atual – cerca de 380 dólares por mil metros cúbicos. O gás australiano poderá custar mais, em função dos gastos com o seu transporte. Por isso, as declarações de que a “aliança de Tusk” poderia solucionar o problema da dependência da Europa de gás russo não correspondem à realidade.
Os peritos russos, citados pelo Observatório Energético, afirmam que a suspensão das importações de gás terá consequências dolorosas para os consumidores europeus. A Europa terá de passar ao uso de carvão e de derivados de petróleo mais dispendiosos. Os preços de gás no mercado europeu conhecerão uma dupla subida, podendo aumentar para 800 dólares por mil metros cúbicos.
Alguns países estão a par desse cenário desagradável. Por exemplo, a Bulgária e a Áustria, para os quais os acordos intergovernamentais com os parceiros russos, concluídos no âmbito do South Stream, se revestem de maior importância que os desígnios utópicos de Bruxelas.

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