Escalada militar entre Israel e Irã alarma comunidade internacional
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A escalada militar inédita entre Israel e Irã alarmou a comunidade internacional, que nesta quinta-feira (10) pediu prudência diante do perigo de uma guerra aberta entre os dois países inimigos no conflito sírio.
Na madrugada desta quinta-feira, Israel realizou dezenas de ataques aéreos contra infraestruturas supostamente iranianas na Síria, em represália pelo disparo de foguetes contra suas posições no Golã.
Se for confirmada a autoria, estes disparos de mísseis atribuídos ao Irã seriam os primeiros contra posições israelenses no âmbito de um confronto de várias décadas entre os países inimigos.
O Irã não quer "novas tensões" no Oriente Médio, assegurou o presidente iraniano, Hassan Rohani, em ligação com a chanceler alemã, Angela Merkel, embora não tenha mencionado especificamente os ataques israelenses na Síria.
"O Irã sempre tentou diminuir as tensões na região, reforçando a segurança e a estabilidade", declarou Rohani, segundo o site da Presidência iraniana.
Além do seu envolvimento direto no conflito sírio e em outros focos bélicos no Oriente Médio, o Irã tem desde quarta-feira uma frente diplomática novamente aberta e especialmente grave: a denúncia dos Estados Unidos do acordo nuclear assinado em 2015.
- Resposta excepcional -
O ataque israelense na Síria foi de uma força excepcional desde o início da guerra civil no país, em 2011.
Os ataques noturnos israelenses mataram pelo menos 23 combatentes (cinco soldados sírios e 18 estrangeiros), informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG que tem uma ampla rede de fontes na Síria.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, advertiu que o Irã cruzou "uma linha vermelha" ao disparar mísseis contra as forças israelenses da Síria, o que provocou a maciça represália aérea.
"Estamos em uma campanha prolongada e nossa política é clara: não autorizaremos o Irã a se estabelecer militarmente na Síria", advertiu.
Em um momento de grande tensão na região, os ataques israelenses marcam "uma nova fase" na guerra que devasta a Síria há sete anos, assinalou o regime de Bashar al-Assad.
"A escalada das últimas horas nos mostra que é realmente uma questão de guerra, ou paz", advertiu a chanceler alemã, Angela Merkel.
Segundo vários especialistas contactados pela AFP, a Rússia, poderoso aliado do regime de Assad, pode ter um importante papel nesta crise.
A Rússia declarou ter contactado todas as partes e pedido "prudência".
Sem surpresas, a Casa Branca denunciou "ataques provocadores" do Irã e reiterou o "direito de Israel de agir para se defender", enquanto a União Europeia pediu que evitem "uma escalada".
- Mais de 70 mísseis -
De acordo com o Ministério russo da Defesa, o Exército israelense utilizou 28 aviões e disparou 60 mísseis ar-terra, assim como mais de 10 mísseis táticos terra-terra a partir de seu território.
As posições israelenses nas Colinas de Golã sírias ocupadas por Israel foram alvo de 20 foguetes do tipo Fajr, ou Grad.
Segundo as autoridades militares israelenses, os projéteis foram lançados após a meia-noite (18h de Brasília) pelas Brigadas Al-Qods, a força responsável pelas operações externas da Guarda Revolucionária, a unidade de elite do regime iraniano.
Os disparos não provocaram vítimas. Quatro projéteis foram interceptados pelos sistemas de defesa antiaéreos, e os outros não atingiram o território israelense.
- 'Estado de alerta elevado' -
Um correspondente da AFP ouviu fortes explosões em Damasco. A televisão síria transmitiu ao vivo as imagens dos projéteis antiaéreos no céu da capital e vários mísseis destruídos pelos sistemas de defesa sírios.
Alguns mísseis israelenses lançados contra o território sírio atingiram bases militares, um depósito de armas e um radar militar, informou a agência oficial síria Sana, que não divulgou as localizações.
O diretor do OSDH indicou à AFP que os mísseis lançados pelo Exército israelense atingiram bases que pertencem, aparentemente, "ao Hezbollah libanês, a sudoeste da cidade de Homs e Maadamiyat al-Cham, a oeste de Damasco, onde há combatentes iranianos, do Hezbollah e da 4ª Brigada" do Exército sírio.
Israel permanece em "estado de alerta elevado" e os moradores de Golã receberam a instrução de permanecerem atentos às informações do comando militar da região e evitar as concentrações de pessoas.
Na terça-feira, o Exército solicitou às autoridades a reabertura dos abrigos para civis.
Israel, que nos últimos meses atacou alvos iranianos em território sírio, preparava-se há semanas para possíveis represálias iranianas partindo da Síria, em particular para disparos de mísseis.
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