Tensão no Mar Vermelho cresce com entrega de ilha à Turquia
A recente decisão do Sudão árabe de entregar temporariamente a ilha de Suakin à Turquia está a motivar o destacamento de tropas para as zonas de fronteira de vários países da África Oriental
As autoridades sudanesas vão enviar mais tropas para a fronteira com a Eritreia, numa altura em que a tensão nas regiões do Chifre da África e do Mar Vermelho continua a aumentar.
No início do ano, o Governo de Cartum decidiu fechar a fronteira com a Eritreia e enviar tropas para o estado de Kassala, no leste do território, após informações de que o Egito estaria a destacar tropas para Asmara, capital da Eritreia. Também a Etiópia, que já tem milhares de soldados na sua fronteira com a Eritreia, respondeu aumentando o contingente.
A recente movimentação das forças terrestres dos vários países africanos para proteção das suas fronteiras aconteceu logo após a assinatura pelo Sudão de um acordo que entrega temporariamente a ilha de Suakin, no Mar Vermelho, à Turquia.
Ancara e Cartum explicaram que a Turquia se prepara para reconstruir a ilha otomana, arruinada e pouco povoada. O objetivo é captar turistas, transformando-a num local de passagem dos peregrinos que atravessam o Mar Vermelho com destino a Meca, cidade santa para os islâmicos. A Turquia também se comprometeu a construir uma doca para que as embarcações possam atracar na ilha.
Nada satisfeitos com esta decisão, os media egípcios e sauditas criticaram o acordo alegando que a Turquia pretende construir na ilha uma base militar na ilha de Suakin, comprometendo a segurança dos países árabes. Alegações que foram negadas quer pelo Sudão quer pela Turquia.
“O Exército nacional do Sudão enviou parte das suas forças para a zona para proteger a segurança do país numa altura em que dispomos de informação sobre a possibilidade de sermos alvo de ataque”, justificou no domingo o ministro dos Negócios Estrangeiros sudanês, Ibrahim Ghandour, depois de se ter reunido em Cartum com o seu homólogo etíope, Workneh Gebeyehu.
RIO NILO É FOCO DE CONFLITOS REGIONAIS
As relações entre os dois países - Turquia e Egito - esfriaram desde o golpe militar de 2013 no Egito, que foi fortemente criticado pelo Governo de Ancara e derrubou o Presidente democraticamente eleito Mohamed Morsi.
As tensões políticas entre Egito, Sudão e Etiópia têm vindo a aumentar nos últimos anos por causa da decisão da Etiópia de construir a maior barragem hidroelétrica do continente no Rio Nilo, gerando problemas entre os países da região sobre a utilização da água.
Os conflitos na fronteira entre a Eritreia e a Etiópia - que disputam a água do Rio Nilo há várias décadas com o Egito - já fizeram mais de 80 mil mortos, e tecnicamente os dois países da África Oriental permanecem em guerra.
E segue vídeo do Canal Casando o Verbo a respeito dessa crise envolvendo o Egito, Etiópia, Sudão árabe e a Eritréia...
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