5 de maio de 2014

Solução para evitar guerra civil na Ucrânia vai diminuindo

Possibilidade de diálogo político na Ucrânia vai diminuindo cada vez mais

Ucrânia, política, crise, radicais

Moscou está empreendendo novas tentativas a fim de convidar Kiev e representantes do sudeste ucraniano para uma mesa de conversações. No parecer de diplomatas russos, ainda existe a possibilidade de se estabelecer um diálogo entre as partes em conflito. Caso contrário, será inevitável uma guerra civil.

No fim de semana passado, a Ucrânia foi novamente palco de confrontos armados entre os federalistas e combatentes de organizações ultra-nacionalistas radicais. Em resultado disso, 50 pessoas foram mortas e mais de 200 ficaram feridas. Diante tal quadro trágico, as autoridades de Kiev, contrariando os compromissos assumidos em Genebra, prosseguem uma operação militar com o uso de blindados contra os participantes de protestos pacíficos no Sudeste da Ucrânia.
Nesse contexto, os esforços da comunidade mundial devem ser envidados para que as partes conflitantes possam entabular as conversações. Kiev não está em condições de estabelecer um diálogo político interno. Mais do que isso, não quer que tal cenário aconteça. E os últimos acontecimentos o têm comprovado.
Em 02 de maio, em Odessa (cidade portuária importante à beira do mar Negro) um grupo de extremistas atacou um campo de tendas dos partidários da federalização, pró-russos. Dezenas de pessoas tentaram se esconder na Casa de Sindicatos. Depois disso, os atacantes atiraram a janelas do prédio garrafas com cocktéis Molotov, o que provocou um incêndio de grandes proporções.
No entanto, nem os bombeiros, nem os policiais se apressaram para ir ao local de incidente. Segundo alguns dados, eles até receberam uma ordem direta de não intervir enquanto os nacionalistas não deixassem os fugitivos abandonar o edifício, disparando contra as janelas e escadas. Os que conseguiram sair, foram apanhados em espancados. Na sequência disso, no meio do fogo e da fumaça, morreram mais de 40 pessoas.
Naquele mesmo dia, Kiev enviou tropas contra Slavyansk e Kramatorsk, no sudeste da Ucrânia. Os manifestantes e defensores dessas cidades foram submetidos ao fogo de metralhadoras e carros blindados. Quando os habitantes locais compreenderam que os militares tinham ordem de disparar contra os seus concidadãos, todos sem excepção, saíram para as ruas para ajudar a erguer barricadas. Graças ao sangue derramado por dezenas de pessoas pacíficas, os militares não conseguiram ocupar estas e outras cidades.
A situação é chocante – no século 21, em pleno centro da Europa, as tropas abrem fogo aos habitantes do seu país, salientou o vice-chanceler da Rússia, Grigori Karassin:
“A tragédia em Odessa fez alterar a visão dos problemas políticos ucranianos. Creio que ela pôs de sobreaviso o mundo inteiro. Há duas semanas, em Genebra foram acordados os princípios concretos de normalização, incluindo o mais importante – o não emprego da força e de violência. Dai uma pergunta: por é que estes acordos não estão sendo cumpridos? Como tal postura pode se juntar com operações punitivas realizadas no Sudeste da Ucrânia? Tem-se a impressão de que sem um apoio externo, Kiev não poderá estabelecer um diálogo interno. Nos próximos dias, serão empreendidos novos esforços para entabular as negociações e dar solução aos problemas que têm causado sofrimento e morte em várias partes da Ucrânia”.
Nesses dias difíceis, Moscou tem procurado mobilizar a comunidade internacional para que, através de esforços conjuntos, fazer parar as arbitrariedades praticadas por Kiev contra seu próprio povo. O presidente Vladimir Putin, e o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, estão em contato permanente com seus parceiros internacionais, buscando vias de resolução do conflito.
Nem todos os políticos ocidentais têm uma atitude ponderada e responsável nessa questão. A chefe da diplomacia europeia, Cathrine Ashton, declarou que “um monopólio ao emprego da força pertence aos poderes de Kiev”. E as atuais autoridades ucranianas, inspiradas por tais declarações, enviaram para Odessa um batalhão de polícia especial, composto de ultranacionalistas.
Moscou qualificou de cínicas as tentativas europeias de justificar as ações de Kiev. Se dirigiu à OSCE e ao Conselho da Europa com um pedido de avaliar objetivamente os acontecimentos na Ucrânia. A Rússia tem certeza que a possibilidade de dialogar ainda existe, embora a continuação da operação punitiva no sudeste possa reduzi-la a zero. Nesse caso, ao longo da fronteira com a Europa, se iniciará uma guerra civil dura e sangrenta, cujas consequências são imprevisíveis.
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