Possibilidade de diálogo político na Ucrânia vai diminuindo cada vez mais

Foto: RIA Novosti/Max Vetrov
Moscou está empreendendo novas tentativas a fim de convidar Kiev e representantes do sudeste ucraniano para uma mesa de conversações. No parecer de diplomatas russos, ainda existe a possibilidade de se estabelecer um diálogo entre as partes em conflito. Caso contrário, será inevitável uma guerra civil.
No fim de semana passado, a Ucrânia foi novamente palco
de confrontos armados entre os federalistas e combatentes de
organizações ultra-nacionalistas radicais. Em resultado disso, 50
pessoas foram mortas e mais de 200 ficaram feridas. Diante tal quadro
trágico, as autoridades de Kiev, contrariando os compromissos assumidos
em Genebra, prosseguem uma operação militar com o uso de blindados
contra os participantes de protestos pacíficos no Sudeste da Ucrânia.
Nesse
contexto, os esforços da comunidade mundial devem ser envidados para
que as partes conflitantes possam entabular as conversações. Kiev não
está em condições de estabelecer um diálogo político interno. Mais do
que isso, não quer que tal cenário aconteça. E os últimos acontecimentos
o têm comprovado.
Em 02 de maio, em Odessa (cidade
portuária importante à beira do mar Negro) um grupo de extremistas
atacou um campo de tendas dos partidários da federalização, pró-russos.
Dezenas de pessoas tentaram se esconder na Casa de Sindicatos. Depois
disso, os atacantes atiraram a janelas do prédio garrafas com cocktéis
Molotov, o que provocou um incêndio de grandes proporções.
No
entanto, nem os bombeiros, nem os policiais se apressaram para ir ao
local de incidente. Segundo alguns dados, eles até receberam uma ordem
direta de não intervir enquanto os nacionalistas não deixassem os
fugitivos abandonar o edifício, disparando contra as janelas e escadas.
Os que conseguiram sair, foram apanhados em espancados. Na sequência
disso, no meio do fogo e da fumaça, morreram mais de 40 pessoas.
Naquele
mesmo dia, Kiev enviou tropas contra Slavyansk e Kramatorsk, no sudeste
da Ucrânia. Os manifestantes e defensores dessas cidades foram
submetidos ao fogo de metralhadoras e carros blindados. Quando os
habitantes locais compreenderam que os militares tinham ordem de
disparar contra os seus concidadãos, todos sem excepção, saíram para as
ruas para ajudar a erguer barricadas. Graças ao sangue derramado por
dezenas de pessoas pacíficas, os militares não conseguiram ocupar estas e
outras cidades.
A situação é chocante – no século 21,
em pleno centro da Europa, as tropas abrem fogo aos habitantes do seu
país, salientou o vice-chanceler da Rússia, Grigori Karassin:
“A
tragédia em Odessa fez alterar a visão dos problemas políticos
ucranianos. Creio que ela pôs de sobreaviso o mundo inteiro. Há duas
semanas, em Genebra foram acordados os princípios concretos de
normalização, incluindo o mais importante – o não emprego da força e de
violência. Dai uma pergunta: por é que estes acordos não estão sendo
cumpridos? Como tal postura pode se juntar com operações punitivas
realizadas no Sudeste da Ucrânia? Tem-se a impressão de que sem um apoio
externo, Kiev não poderá estabelecer um diálogo interno. Nos próximos
dias, serão empreendidos novos esforços para entabular as negociações e
dar solução aos problemas que têm causado sofrimento e morte em várias
partes da Ucrânia”.
Nesses dias difíceis, Moscou tem
procurado mobilizar a comunidade internacional para que, através de
esforços conjuntos, fazer parar as arbitrariedades praticadas por Kiev
contra seu próprio povo. O presidente Vladimir Putin, e o chefe da
diplomacia russa, Serguei Lavrov, estão em contato permanente com seus
parceiros internacionais, buscando vias de resolução do conflito.
Nem
todos os políticos ocidentais têm uma atitude ponderada e responsável
nessa questão. A chefe da diplomacia europeia, Cathrine Ashton, declarou
que “um monopólio ao emprego da força pertence aos poderes de Kiev”. E
as atuais autoridades ucranianas, inspiradas por tais declarações,
enviaram para Odessa um batalhão de polícia especial, composto de
ultranacionalistas.
Moscou qualificou de cínicas as
tentativas europeias de justificar as ações de Kiev. Se dirigiu à OSCE e
ao Conselho da Europa com um pedido de avaliar objetivamente os
acontecimentos na Ucrânia. A Rússia tem certeza que a possibilidade de
dialogar ainda existe, embora a continuação da operação punitiva no
sudeste possa reduzi-la a zero. Nesse caso, ao longo da fronteira com a
Europa, se iniciará uma guerra civil dura e sangrenta, cujas
consequências são imprevisíveis.
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