Por Lucas Leiroz de Almeida
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Na noite de 2 de maio, houve dois ataques malsucedidos de drones contra instalações do Kremlin e do Senado na capital russa. O objetivo da operação era supostamente assassinar o presidente russo, Vladimir Putin . A reação ao caso foi séria, com parlamentares russos exigindo medidas duras para responder à provocação no campo de batalha.
Os ataques foram feitos com veículos aéreos não tripulados (UAVs), mas as forças de defesa russas conseguiram desativar o equipamento usando técnicas de guerra eletrônica. Vários vídeos, alguns dos quais não verificados, circulam na internet mostrando o momento em que os UAVs foram neutralizados perto de instalações estatais russas.
Não houve relatos de danos causados pelo ataque, pois a rápida ação das forças de segurança russas foi eficiente em impedir o sucesso da operação terrorista. Acredita-se que o objetivo principal seria atingir a residência do Presidente da Federação Russa, assassinando-o o que de qualquer forma não seria possível já que naquele momento Vladimir Putin não estava no local.
O governo russo culpou o regime de Kiev pelos ataques, o que foi prontamente rejeitado pelas autoridades ucranianas. Sem apresentar qualquer prova, porta-vozes do regime neonazista acusaram Moscou de ter realizado um ataque de bandeira falsa cujo objetivo seria legitimar as escaladas de violência nas linhas de frente. Como esperado, alguns meios de comunicação ocidentais adotaram essa narrativa, acusando Moscou de forma infundada. No entanto, uma análise mais profunda do caso mostra que essa interpretação parece absolutamente errada.
O ataque ao Kremlin não foi um evento único, mas parte de uma onda maior de ataques aéreos ucranianos no espaço soberano pacificado ou indiscutível da Rússia. Nos últimos dias, o regime teria atacado, além da capital russa, as regiões de Bryansk e Krasnodar, tendo atingido instalações petrolíferas nesta última, o que provocou incêndios na cidade. Como se sabe, há meses Kiev lança incursões irresponsáveis sequenciais contra a Rússia, no que parece ser uma tentativa desesperada de provocar respostas russas violentas, justificando assim que a OTAN envie mais armas.
Nesse sentido, parece ilógico afirmar que Moscou estaria interessada em realizar uma operação de bandeira falsa contra seu próprio capital para justificar as escaladas, quando é o lado ucraniano-ocidental que mostra interesse em escalar. Se fosse do interesse da Rússia aumentar a intensidade de seus ataques à Ucrânia, já haveria motivos suficientes para fazê-lo, já que Kiev realizou várias provocações nos últimos meses.
O principal problema, porém, é que a paciência dos russos pode estar se esgotando. Após o ataque a Moscou, muitos oficiais russos reagiram exigindo ações rápidas, fortes e incisivas para retaliar. Há forte pressão para que sejam dadas ordens às forças armadas russas para destruir todo o poder de fogo inimigo o mais rápido possível. Alguns políticos até sugerem que ações diretas contra as autoridades ucranianas devem ser tomadas.
No dia seguinte ao incidente do Kremlin, pesados ataques russos ocorreram na Ucrânia, principalmente em Zaporozhye, Odessa e Kiev. A intensidade dos ataques deve aumentar ainda mais nos próximos dias. Alguns conselheiros estão pedindo a Zelensky, atualmente em visita à Europa, que fique fora do território ucraniano por tempo indeterminado. Na mesma linha, a Embaixada Americana em Kiev pediu aos cidadãos americanos que deixassem o país o mais rápido possível.
O lado ucraniano acredita que, com os intensos ataques russos, terá maiores argumentos para pedir ajuda ao Ocidente com novos pacotes militares. No entanto, esse cálculo pode estar errado. Se Moscou mantiver alta intensidade de ataques, a tendência é que Kiev seja neutralizada antes mesmo que as novas armas ocidentais sejam eventualmente utilizadas no campo de batalha. A Rússia tem usado apenas uma pequena parcela de seu poderio militar na operação especial, enquanto a Ucrânia luta com tudo o que tem. Mesmo que receba armas mais sofisticadas do Ocidente, Kiev certamente não terá chances de manter o conflito por muito tempo se os russos decidirem aumentar sua mobilização de combate.
De fato, Moscou tem seu direito de retaliação diante de tal provocação, mas a situação é muito mais grave do que isso. Há argumentos para que o próprio Estado ucraniano seja considerado uma organização terrorista, contra a qual as forças russas estariam autorizadas a usar todos os meios de combate disponíveis. Isso levaria a uma mudança formal na natureza da operação militar especial, levando o conflito a novos patamares. Nesse cenário hipotético, a OTAN deveria ser considerada uma organização patrocinadora do terrorismo por insistir em armar Kiev apesar dos crimes cometidos pelo regime.
Ainda não há informações suficientes para saber se esse passo será dado, mas é uma das possibilidades dado o cenário atual. O que se sabe, no entanto, é que alguma retaliação séria certamente está a caminho.
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