'Terremoto' na bolsa de Xangai assusta investidores; perdas superam US$ 3 tri
O
drama continua na maior bolsa de valores da China, em Xangai, apesar
dos esforços do governo chinês para conter as perdas, que chegam a US$
3,2 trilhões em apenas três semanas.
As negociações das ações de 1,3 mil empresas foram suspensas em
Xangai, um número impressionante. Ou seja: o preço delas não pode cair
mais porque seus papéis não podem ser comprados ou vendidos.
Reguladores
chineses fizeram diversos pedidos nesta quarta-feira para tentar
aliviar o "sentimento de pânico" no mercado e conter as perdas.
Mesmo assim, a bolsa fechou o pregão desta quarta com queda de 5,9%, após abrir com perdas de 8%.
A
agência que supervisiona as maiores estatais do país disse tê-las
aconselhado a não vender ações e a comprar mais "para garantir a
estabilidade do mercado".
Mas as medidas não surtiram efeito - e o
risco de intervenção do governo poderá só piorar as coisas, já que
investidores podem se assustar ainda mais.
O
que está por trás deste movimento? Na China, ao contrário dos mercados
europeus ou nos Estados Unidos, 80% dos investidores são cidadãos - os
chamados investidores "mãe e pai".
Muitos deles são inexperientes e
seguem rumores ao tomar decisões. Assim, o mercado é mais vulnerável a
reviravoltas repentinas, como num rebanho.
Outro lado da questão é
que investidores de longo prazo estão reduzindo a exposição que têm ao
mercado. Muitos acumularam ganhos no último ano - o índice de Xangai
havia acumulado alta de 150% até junho.
Assim, com a piora do sentimento, muitos estão saindo.
'Fui influenciada pelo buxixo'
Lin
Jinxia era uma investidora de primeira viagem. "Nunca tinha feito nada
na bolsa de valores antes, mas fui influenciada pelo buxixo."
Ela
mora no último andar de um prédio de sete andares, sem elevador.
Bicicletas velhas e empoeiradas estão por toda a parte. O apartamento é
pequeno, onde ela mora com o marido e o filho de 4 anos.
A família veio da Província de
Fujian há cinco anos e, por meio do trabalho na loja que têm, vendendo
botões para uma grande empresa de roupas, conseguiram juntar uma quantia
considerável.
Então, em maio deste ano, pegaram parte deste dinheiro e aplicaram na bolsa, investindo mais de US$ 32 mil em quatro ações.
Parecia uma decisão sensata: dividir os investimentos em empresas de eletrônicos, moda e automóveis. Mas o momento era terrível.
Todas as ações despencaram e, agora, valem apenas metade do preço original.
"Perdi
muito do dinheiro que eu trabalhei tão duro para conseguir", diz.
"Agora, estou tendo que economizar e reduzir meus gastos. Não ganhamos
muito, todo aquele dinheiro era resultado do nosso trabalho duro."
A pequena alfaiataria de Chen Zhihui fica perto da casa de Lin - mas encontrá-la não é tarefa fácil.
E
como a vizinha, ele também seguiu o conselho daqueles que tinham, até
recentemente, registrado bons lucros, sem perceber que este era o pior
momento para entrar no mercado.
"Eu sabia que havia riscos",
diz Chen que comprou ações de apenas uma empresa, uma mineradora
chinesa, e perdeu metade do que investiu, US$ 1,6 mil.
Apesar de sua perda ser relativa, Chen sabe que há casos semelhantes em quase toda parte.
Risco político?
Para muitos analistas, isso explica o porquê do governo chinês estar tão disposto a evitar que a queda seja ainda maior.
Pequim
tinha visto nos mercados acionários uma peça importante na estratégia
de transformar o país numa sociedade de consumo. A popularização das
bolsas serviria à tarefa de recapitalizar as endividadas empresas do
país e, ao mesmo tempo, fazer com que o pequeno investidor se sentisse
rico.
Agora, o Partido Comunista
enfrenta a assustadora perspectiva de efeito oposto: com o dinheiro de
desfazendo, milhões de investidores estão apertando os cintos
simultaneamente, e o impacto pode ser brutal para a economia da China e
outros países.
Alguns analistas rejeitam o temor de que um colapso maior da bolsa possa causar um choque mais sério na economia.
"O
mercado acionário é tão pequeno, completamente irrelevante", disse Chen
Long, economista da Gavekal Dragonomics para a China. "Responde por
apenas 5% da riqueza das famílias chinesas e, de qualquer maneira, o
mercado está no mesmo lugar onde estava no ano passado."
Além do
risco econômico, há o potencial de revolta popular com as perdas. Em
meio a uma desaceleração do PIB, a última coisa que o governo quer são
dezenas de pequenos investidores protestando nas ruas.
Por esse lado, as ações de Pequim podem estar funcionando, já que há poucos sinais de descontentamento.
Apesar
de suas grandes perdas, Lin Jinxia planejar continuar com suas ações,
mesmo que desvalorizadas, na esperança de que subam de novo. "Acredito
que o governo encontrará as estratégias corretas", diz.
http://www.bbc.comE veja também este link:
http://www.anovaordemmundial.com
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