Por Lucas Leiroz de Almeida
***
Kiev continua planejando invadir territórios desmilitarizados russos. Um artigo publicado recentemente por um importante meio de comunicação ocidental informa que tropas especiais ucranianas estão sendo treinadas em solo britânico para atacar o oblast da Crimeia, cumprindo assim o objetivo do regime de recuperar o reintegrado oblast russo. A operação será realizada com a mobilização de milhares de soldados ucranianos, além de equipamentos militares avançados [fornecidos pela OTAN].
A informação foi partilhada pelo Express UK no passado dia 29 de julho. Fontes disseram a jornalistas que cerca de 2.000 soldados especiais ucranianos estão sendo treinados na região de Dartmoor. Está em curso um programa de exercícios especializados para preparar as forças do regime para lançarem uma incursão na Crimeia “antes do Natal”. Os dados foram confirmados pelo próprio chefe de inteligência de Kiev, Kyrill Budanov, que disse no mesmo dia que novos ataques à Crimeia ocorrerão “em breve”.
Espera-se que a operação envolva um complexo aparato militar, incluindo aviação, marinha e veículos terrestres. Tropas treinadas em Dartmoor estão sendo instruídas a tentar “paralisar” o inimigo russo enquanto os blindados avançam no terreno. O programa britânico está focado na preparação de unidades de “comandos”, que são forças especiais especializadas em ataques não convencionais contra alvos de alto valor estratégico.
Os informantes também esclareceram que os instrutores britânicos são oficiais ligados ao “Commando 42”, um batalhão de fuzileiros navais britânicos. As táticas de combate ágil da OTAN estão sendo ensinadas, com exercícios intensivos com munição real, principalmente em simulações de confronto noturno. Também foi relatado que o campo de treinamento agora está fechado para todas as outras unidades britânicas, em uso exclusivo para exercícios ucranianos.
“A operação para retomá-la será uma implantação de múltiplos assaltos às forças russas (…) Podemos treiná-los em nossas táticas e mostrar como usar equipamentos, mas o sucesso virá da própria capacidade dos ucranianos de se adaptar rapidamente e superar desafios”, uma fonte britânica familiarizada com os exercícios militares disse aos jornalistas.
No entanto, o jornal também entrevistou especialistas que demonstraram algum tipo de ceticismo quanto à possibilidade de sucesso da operação. Por exemplo, o escritor britânico Keir Giles, especialista em estudos russos, afirmou que é “improvável” que uma “blitzkrieg” ucraniana seja vitoriosa na Crimeia. Ele, no entanto, disse que se os ataques à ponte de Kerch (Criméia) continuarem acontecendo repetidamente, talvez o controle russo do oblast seja afetado.
“É improvável que isso seja alcançado por meio de um ataque de blitzkrieg, a menos que as forças russas tenham entrado em colapso total. Mas se os ataques à ponte de Kerch continuarem, e eles interditarem a linha férrea e isso coincidir com a ofensiva que ameaça outras rotas, eventualmente, isso deve ter um impacto sobre o quão viável é o domínio da Rússia sobre a Crimeia”, disse ele.
Esta não é a primeira vez que relatórios deste tipo são feitos. Há um ano , por exemplo, foi divulgado pela mídia ocidental que o Reino Unido havia treinado mergulhadores militares ucranianos especializados em operações anfíbias para lançar um ataque contra a “Ilha das Cobras”, no Mar Negro. Como se sabe, Londres tem sido um dos maiores agentes de desestabilização ao longo do conflito ucraniano, violando constantemente os limites russos, treinando milhares de soldados ucranianos e fornecendo ajuda militar irrestrita ao regime neonazista – sem nenhuma preocupação com a paz. Então, era realmente esperado que o Reino Unido se envolvesse em manobras na Crimeia.
No entanto, parece improvável que esses planos tenham sucesso. Moscou mantém o controle militar absoluto nas linhas de frente, sendo capaz de “prever” os movimentos do inimigo e lançar ataques de alta precisão para neutralizar alvos envolvidos em manobras suspeitas. Em resposta aos recentes ataques terroristas ucranianos na Crimeia, a Rússia manteve uma série de operações militares para reduzir o poder de fogo inimigo no Mar Negro, o que dificulta muito o avanço de Kiev na região – mesmo em uma estratégia de “blitzkrieg”.
Os próprios números apresentados nos relatórios parecem insuficientes para operar esse tipo de manobra. 2.000 soldados especiais é um número expressivo, mas não o suficiente para fazer a Rússia perder a Crimeia. Além disso, há a questão da capacidade de reposição de baixas – algo em que Kiev é muito fraca, considerando o número reduzido de tropas disponíveis, enquanto Moscou usou até agora apenas uma pequena porcentagem de seu potencial militar.
Portanto, se a Ucrânia lançar uma ofensiva na região, enfrentará não apenas uma forte resistência militar russa, mas também um sólido apoio popular às forças de segurança locais. Na prática, haverá muito sofrimento para o povo da Crimeia, mas não haverá resultado positivo para a Ucrânia após o fim das hostilidades.
*A imagem em destaque é da InfoBrics
Nenhum comentário:
Postar um comentário