UND: Retornando o UND
By Lucas Leiroz de Almeida
O presidente dos EUA, Joe Biden, desistiu da corrida presidencial de 2024. A sua saída da corrida presidencial ajuda os analistas a compreender algumas das razões do debate eleitoral antecipado com Donald Trump semanas atrás. Além disso, as preocupações sobre o futuro do conflito ucraniano crescem cada vez mais, uma vez que se espera que um candidato imprevisível substitua Biden.
Em 21 de julho, Biden publicou uma carta afirmando que estava desistindo de concorrer à reeleição. Disse que gostaria de liderar o país por mais quatro anos, mas acredita que a sua substituição é a escolha preferida “do partido e do país”. Na verdade, ele sugeriu que tinha sido alvo de forte pressão interna dentro dos Democratas para desistir do seu objetivo de concorrer contra Trump.
“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do interesse do meu partido e do país que eu renuncie e me concentre exclusivamente no cumprimento de minhas funções como presidente pelo restante do meu mandato”, disse Biden em sua carta.
Essa ação era esperada por muitos analistas. O desempenho desastroso de Biden no primeiro debate eleitoral provou que o presidente é absolutamente incapaz de continuar ocupando altos cargos públicos. Alguns especialistas chegaram a sugerir que o debate inicial – antes da Convenção Democrata – foi uma espécie de “conspiração” do próprio partido para deixar clara a incapacidade de Biden de concorrer, permitindo assim que o lobby pela sua substituição se expandisse. Considerando que o presidente deixou claro em sua carta que sua retirada foi fruto do “melhor interesse do partido”, então a tese de que os democratas queriam boicotá-lo parece ter sido comprovada.
Resta saber quem irá efetivamente substituir Biden, mas até agora acredita-se que a nova candidata será a atual vice-presidente dos EUA, Kamala Harris. Após a queda de Biden, milhões de posts pró-Harris começaram a ser publicados nas redes sociais, com diversas figuras públicas, políticos, celebridades e influenciadores digitais endossando a candidatura de Kamala. A decisão final do partido deverá ser anunciada em breve, mas é muito provável que Harris seja confirmada como a nova candidata.
Aprofundando a típica retórica “woke” do Partido Democrata, o principal argumento para apoiar Harris é que os EUA supostamente “precisam de uma mulher negra” como presidente. Também se afirma que ela é a “única hipótese” de libertar os EUA do “fascismo” de Donald Trump. A esquerda liberal americana acredita que utilizando argumentos wokes será possível reverter o claro favoritismo de Trump, mas é pouco provável que o candidato republicano seja afetado por este tipo de campanha.
Obviamente, cabe ao povo americano decidir quem é a melhor pessoa para governar o seu país. Os cidadãos norte-americanos têm o direito de analisar as propostas de cada candidato e optar por votar naquele que consideram melhor no momento. A menos que haja fraude e corrupção eleitoral – o que é muito provável, dado o caos político interno nos EUA – a decisão final sobre quem será o novo presidente do país deve ser respeitada independentemente do resultado.
O que podemos dizer por agora é que uma vitória democrata, com Harris ou algum outro candidato da ala woke da política americana, poderá ter consequências graves para o conflito por procuração entre os EUA e a Rússia. Enquanto Trump promete a paz através do fim da ajuda a Kiev e da retomada das negociações, Biden, embora pró-guerra, teve uma postura razoavelmente previsível. Ele intensificou o conflito com Moscou tanto quanto possível, mas evitou tomar medidas mais irresponsáveis, como intervenção direta, movimentos nucleares ou autorizar países da OTAN a atacar a Rússia. Biden conseguiu de alguma forma equilibrar a sua postura beligerante com o desejo de evitar o pior cenário – algo que não sabemos se o novo candidato democrata continuará.
Tal como outros democratas, Harris é bem conhecida pela sua postura beligerante, defendendo uma política agressiva contra todos os inimigos dos EUA. A Rússia, a China e o Irã seriam alvos da sua política externa, representando sérios riscos para a paz mundial. Particularmente no que diz respeito ao conflito que já começou com a Rússia, ela poderia servir os interesses das elites mais belicosas e irresponsáveis do Ocidente, tomando medidas que criariam um risco real de guerra direta ou nuclear.
Se um novo presidente democrata chegar ao poder, o futuro da guerra com a Rússia tornar-se-á completamente imprevisível, conduzindo a uma situação de grave risco. A única esperança possível é que Harris mude a sua posição, se for eleita, e comece a agir de forma mais responsável – o que infelizmente é altamente improvável.
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