13 de outubro de 2019

Crise curda

França e Alemanha suspendem exportações de armas para a Turquia com 100.000 curdos sírios deslocados



Agora, no quarto dia da incursão militar da Turquia no nordeste da Síria, após uma retirada de tropas americanas das áreas de fronteira, a Alemanha e a França anunciaram que interromperão todas as vendas de armas para a Turquia, citando a possibilidade de serem usadas na ofensiva. Isto também como um embargo à escala da UE está sendo considerado em Ancara em meio à chamada "Operação Paz Primavera".
A Alemanha se moveu primeiro, com Heiko Maas no sábado dizendo ao jornal Bild am Sonntag que "no contexto da ofensiva militar turca no nordeste da Síria, o governo não emitirá novas permissões para armas que possam ser usadas pela Turquia na Síria".
A França seguiu rapidamente, com uma declaração conjunta dos ministérios franceses das Relações Exteriores e da Defesa dizendo: "Na expectativa do fim dessa ofensiva, a França decidiu suspender todos os planos de exportar para a Turquia armas que poderiam ser usadas nessa ofensiva".
Imagem via AP
"Esta decisão tem efeito imediato", acrescentou a declaração francesa, em um momento crucial, a poucos dias da reunião planejada da UE na semana que vem no Luxemburgo, onde uma resposta européia mais ampla à operação da Turquia será considerada. Notavelmente, a Holanda e a Noruega também impuseram seu próprio embargo temporário de armas à Turquia.
O gabinete do presidente francês Emmanuel Macron "reiterou a necessidade de interromper a ofensiva turca imediatamente", em comunicado no sábado. Macron também informou ao presidente Trump em um telefonema que o ataque da Turquia provavelmente levará a um ressurgimento do ISIS e deve ser imediatamente interrompido.
Dado que agora os dois países mais influentes da UE emitiram as proibições definitivas, é mais provável que sigam, especialmente depois que as Nações Unidas divulgaram números chocantes nesta semana, informando que cerca de 100.000 pessoas foram expulsas de suas casas desde o início da ofensiva da Turquia em Quarta-feira.
Dezenas de civis sírios foram mortos pela mídia local curda, enquanto o Ministério da Defesa da Turquia se gabou de mais de 400 combatentes do SDF "neutralizados" - mortos ou capturados. Tropas turcas e aliados sírios 'rebeldes' procuradores capturaram várias aldeias do norte, incluindo a principal cidade de Ras al-Ayn até sábado.
Enquanto isso, um alto funcionário do SDF atacou novamente a "traição" de Washington, dizendo a um diplomata norte-americano: "Você está nos deixando para ser massacrado", segundo a CNN.
Mazloum Abdi, comandante militar do SDF, disse ainda: "Você não está disposto a proteger o povo, mas não quer que outra força venha e nos proteja. Você nos vendeu. Isso é imoral".
De fato, de acordo com vários relatórios, a coalizão norte-americana há meses impede as tentativas dos grupos políticos curdos e sírios de negociar e se reconciliar com o governo sírio, o que seria essencial para os curdos, apesar do atual ataque. Agora, com a súbita retirada do apoio dos EUA contra os turcos, o SDF está sozinho, sem nenhum apoio externo do estado a ninguém.

Um comentário:

Marcelo disse...

Trump traiu os Curdos.