14 de outubro de 2019

Rússia e a crise entre Turquia e curdos. Assad vai em socorro dos curdos

A tarefa de parar a Turquia passa de Trump para Putin. Exército sírio defende cidades curdas ameaçadas

A decisão do presidente Donald Trump de retirar as tropas dos EUA do confronto turco-curdo no domingo, 13 de outubro, produziu um realinhamento relâmpago de grande força de poder no campo de batalha do nordeste da  Síria: a tarefa de proteger os curdos dos excessos da operação turca passou para Vladimir Putin e ao exército sírio. Na segunda-feira, as forças do governo sírio chegaram às cidades de Kobani, Manbij e Raqqa, mantidas pelos curdos, quando as tropas turcas estavam prontas para enfrentar os dois primeiros. Segundo alguns relatos, o exército sírio já estava dentro dessas cidades, mas, dizem as fontes militares do DEBKAfile, não pode resistir a um avanço turco sem o apoio da Rússia.

As rodas para essa reviravolta, como o arquivo DEBKA previa no sábado, foram acionadas por um acordo firmado pelos líderes curdos das Forças de Defesa Síria (SDF), apoiadas pelos EUA, com oficiais do regime de Assad no centro de comando russo na base aérea de Khmeimim, perto de Latakia. Suas reuniões foram presididas por oficiais russos. Sentindo-se abandonados pela retração dos EUA, os curdos concordaram rapidamente em abandonar sua luta por um estado independente e se contentar com o status autônomo de suas províncias do nordeste em troca do exército sírio assumir a defesa de suas cidades ameaçadas.

O acordo, que entrou em vigor em 24 horas, ainda tem arestas a serem suavizadas, como:

  • A natureza exata do domínio autônomo curdo e as relações com o governo central de Damasco.
  • As fronteiras das terras governadas pelos curdos.
  • O destino do SDF.
  • Até que ponto o presidente russo Vladimir Putin estará disposto a recuar contra o presidente turco Recep Erdogan por impedir o avanço de seu exército no norte da Síria.
  • Trump ordenou que as tropas americanas no norte da Síria se mudassem para o leste, fora do caminho de um possível conflito nas regiões curdas, até as áreas adjacentes à fronteira com o Iraque. Agora, já que o governo sírio não está em uma batalha em grande escala com o exército turco sem o apoio do exército e da força aérea russos, a Turquia e a Rússia estão no limiar de um grande conflito militar.


Como Putin lida com esse impasse é questionável. Ele pode ser capaz de resolvê-lo dando a Erdogan um ultimato silencioso para recuar ou enfrentar hostilidades diretas com os exércitos russo e sírio. Enquanto isso, o líder russo sai da bagunça criada pela operação turca, tendo atingido o objetivo primordial de sua intervenção no conflito sírio: colocar todas as partes do país sob o domínio central do regime de Assad.

Mais imediatamente, ele deve interromper a fuga de milhares de combatentes do Estado Islâmico de campos no território curdo após a turbulência. Pelo menos 1.000 já escaparam, levantando preocupações de um ressurgimento relâmpago do ISIS.

A transferência de Trump da bagunça síria para Putin é compatível com seu objetivo declarado: começar a retirar as forças americanas da Síria após a derrota do Estado Islâmico.

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