24 de dezembro de 2014

Nada é por acaso: Cuba no centro de interesse estratégico anti-Rússia dos EUA


A Aproximação entre os EUA e Cuba: Nada é o que Parece Ser


Atualmente, o mundo inteiro está celebrando a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA. O acordo foi considerado um avanço para a paz mundial, assim como o simbólico fim da Guerra Fria. Mas talvez, as coisas não sejam como parecem ser.

Esta aproximação entre Cuba e os EUA pode ter muito a ver com o conflito que se está formando atualmente e que poderia responder aos interesses diretos das elites ocidentais.

Vejamos a história.

A seguir, transcrevemos uma notícia publicada na versão em inglês do jornal russo Pradva, no ano de 2012:

O governo russo tem a intenção de restaurar o apoio técnico-militar de seus navios na antiga base militar de Camran (Vietnã), Lourdes (Cuba) e nas ilhas Seychelles.

Atualmente, não se trata de planos para estabelecer uma presença militar, e sim de apoios logísticos para as tripulações.

Estas intenções foram anunciadas publicamente no dia 27 de julho de 2012 pelo vice almirante Victor Chirlov, Comandante da Marinha Russa: "Estamos trabalhando internacionalmente na criação de centros logísticos em Cuba, Ilhas Seychelles e Vietnã".

Cabe destacar que durante 40 anos, a Rússia dispôs de uma série de instalações operacionais para o Serviço de Inteligencia Estrangeira russa em Lourdes, a menos de 180 Km do território norte-americano.

Base Russa em Lourdes, Cuba

Tais instalações, as maiores fora do território russo, chegaram a servir como base de operações para mais de 1500 agentes da KGB e da Inteligência Militar Russa e sua função principal era servir como vigilância eletrônica.

As instalações foram fechadas no ano de 2002 após uma série de negociações e acordos entre os EUA e a Rússia.


Mas as circunstâncias destes acordos mudaram com o passar dos anos.

Aqui temos as declarações de Vladimir Putin no ano de 2012, referentes à base e Lourdes em Cuba, feitas ao jornal Pradva:


"Em 2001 eu, como Presidente da Federação Russa e comandante supremo, considerei vantajoso fechar o centro radioeletrônico em Lourdes, em Cuba.

Em troca, George Bush, o então presidente dos Estados Unidos me assegurou que esta decisão se converteria na confirmação final de que a Guerra Fria havia terminado e que os dois Estados, livrando-se das relíquias da Guerra Fria, estabeleceriam as bases de uma nova relação baseada na cooperação e transparência. Em particular, Bush me convenceu de que o sistema de defesa antimísseis dos EUA nunca seria implantado na Europa Oriental.

A Federação da Rússia cumpriu com todos os termos do acordo. E mais. Fechou não só as instalações em Lourdes, em Cuba, mas também as que tínhamos em Cam Ranh, no Vietnã. As fechei porque dei minha palavra de honra. Eu, como um homem, mantenho minha palavra.



O que fizeram os americanos? Os americanos não são responsáveis por suas próprias palavras.

Não é nenhum segredo que nos últimos anos, os EUA criaram uma zona de amortização ao redor da Rússia, envolvendo nesse processo não somente os países da Europa Central, mas também os países bálticos, Ucrânia e o Cáucaso.

A única resposta a isto poderia ser uma expansão assimétrica da presença militar russa no exterior, principalmente em Cuba. Em Cuba, haviam baias que eram convenientes para nossos navios de reconhecimento e de guerra, uma rede de chamados "campos de aviação".

Com o pleno consentimento da direção cubana, em 11 de maio deste ano de 2012, nosso país não só retomou os trabalhos no centro eletrônico de Lourdes, mas também instalou os últimos mísseis nucleares "Oak" estratégicos na ilha.

Eles não quiseram atuar de forma amistosa, pois bem, agora aguentem as consequências".

De acordo a Wikipédia: "Em julho de 2014, informações sugeriram que a Rússia e Cuba concordaram em reabrir a instalação para o uso por parte dos serviços de inteligência russo", uma notícia que vemos publicadas no site Business Insider...


Segundo afirma a Wikipédia, o Russia Today informou o mesmo, mas apagou a notícia original que havia publicado e a substituiu (utilizando a mesma URL) por outra em que Putin negava que tivessem reaberto as instalações, entrando no típico campo das afirmações e as desmentindo como de costume no mundo da política...


Seja como for, parece que a base de Lourdes em Cuba, assim como a própria situação estratégica da ilha ante um conflito Rússia-EUA, poderiam ter muito a ver com tudo o que está acontecendo atualmente.

É de conhecimento de todos o papel que teve Cuba durante a Guerra Fria e especialmente durante as crises dos mísseis que quase provocou uma Terceira Guerra Mundial; e além da Guerra Fria, durante as últimas décadas, Cuba tem servido como um contrapeso do poder norte-americano em toda a América Latina.

Portanto, é particularmente surpreendente o giro radical nas relações entre EUA e Cuba.

Um fato que coincidentemente aconteceu no momento de maior tensão entre Rússia e os EUA em que a OTAN realiza movimentos estratégicos mais ofensivos a respeito da Rússia, assim como movimentos de caráter econômico em forma de sanções e manipulação dos preços do petróleo, cujo objetivo bem poderia ser definido como a intenção de colocar Vladimir Putin em um beco sem saída.

Parece que os EUA se reconciliou com Cuba no momento certo antes de um grande conflito, com a finalidade de impedir que o inimigo com que vai acabar combatendo, disponha de bases e recursos justamente em seu quintal.


Enquanto as pessoas perdem tempo falando dos presos cubanos, o reencontro das famílias da Ilha e dos pelos da barba de Fidel Castro (ou sua possível morte), esta manobra geopolítica, estratégica e militar de grande importância que nos fala de guerra, passará despercebida.


A maioria das pessoas talvez interpretem como um gesto muito positivo a retomada das relações entre os EUA e Cuba, patrocinada em grande parte pela intervenção do Papa Francisco, o grande paladino da paz mundial progresso e justiça, fabricado com a inestimável ajuda dos grandes meios de comunicação e propagandas em massa.


Mas talvez nada seja o que parece e após as boas notícias escondam uma verdade muito mais venenosa: eles estão colocando as peças no tabuleiro para iniciar um grande conflito e Cuba possa ser o exemplo disso.

Obviamente, estamos no campo das conjecturas, mas se for este o caso, alguns personagens tem mostrado claramente para quem trabalham na realidade...

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Fontes:
- El Robot Pescador: EL ACERCAMIENTO ENTRE EEUU Y CUBA: NADA ES LO QUE PARECE
Pradva: Russia to revive army bases in three oceans
Before Its News: X22Report: Why Is The U.S. Reestablishing Ties With Cuba After 50 Years? – Episode 544
RT: Putin denies reopening of US-targeting listening post in Cuba
Business Insider: Russia Is Reportedly Reopening Its Spy Base In Cuba

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa atitude dos EUA foi a coisa mais previsível de 2014. Movimentos na direção de todos os simpatizantes da Rússia são altamente prováveis.