Península de tempestades: por que Arábia Saudita lançou guerra no Iêmen?
A operação Tempestade Decisiva que foi
lançada por Arábia Saudita contra houthis (grupo rebelde xiita) marca
uma nova etapa em uma série de conflitos no Oriente Médio.
A Arábia Saudita anunciou a intenção de defender a sua posição como o
centro regional de poder, não apenas por meio da diplomacia e do
investimento financeiro, mas também pela força. Agora é o Irã que deve
responder, porque de fato a declaração dos sauditas e dos seus aliados é
dirigida principalmente ao Irã, e o Iêmen é apenas uma ocasião para
esclarecer as relações.
No
mês passado, quando políticos do Iêmen visitaram Moscou a convite da
Duma de Estado (câmara baixa do parlamento russo), eles garantiram que,
apesar da crise política, a situação no país está longe dos conflitos
armados e do que está acontecendo na Síria e no Iraque. Agora a
possibilidade de resolver a crise sem o uso da força está perdida.
Em frente, está apenas o caos. As tribos do Iêmen são muito
fragmentadas, e os houthis foram uma das forças capazes de garantir
segurança nos territórios sob seu controle.
Tem razão lembrar que foram eles que estavam combatendo os grupos
terroristas sunitas da Al-Qaeda e Estado Islâmico na região. O enfraquecimento
dos houthis inevitavelmente levará ao aumento do terrorismo caso, o
vácuo de poder não seja preenchido. Não por acaso, Moscou exigiu a todas
as partes "para que cessem imediatamente todas as formas de
hostilidades".
A
questão da formação das forças armadas árabes unidas e a intervenção militar
no conflito iemenita só deveria ser discutida em uma reunião de
chanceleres da Liga Árabe na quinta-feira (26), e no sábado (28) a
organização na cimeira no Sharm el-Sheikh (resort egípcio) deveria
considerá-la. No entanto, isso aconteceu muito mais rápido.
A operação militar começou dois dias após Presidente em questão Hadi enviar notificação ao
Conselho da Segurança da ONU. As negociações sobre a criação das forças
armadas árabes para combater o terrorismo, em primeiro lugar o Estado
islâmico, iniciadas pelo Egito, já se arrastam por mais de um mês.
Nenhum país árabe se juntou ao Egito quando as suas forças atacaram
as posições dos terroristas na Líbia. A guerra civil da Líbia já dura
vários anos. O diálogo é interrompido, e o poder várias vezes tem
passado de umas mãos a outras, mas ninguém interveio. O Egito atacou
somente após terroristas matarem seus cidadãos.
As situações no Bahrein e Iêmen são de natureza diferente, similar em
um fator – em ambos os Estados existe o confronto entre xiitas e
sunitas. Em ambos os países, o problema não é causado pelo fator
religioso, as causas dos conflitos são mais de natureza social, mas eles
afetam a luta entre a Arábia Saudita (juntamente com outros Estados
sunitas) e o Irã xiita.
Especialistas comentam a situação no Iêmen
Emad Abshenas, especialista iraniano em questões econômicas e
políticas da emissora Sputnik, o editor-chefe do jornal iraniano Iran
Daily (Irã Diário), opina que o Iêmen têm bastante armas para
se proteger sem ajuda externa:
“No
que toca ao apoio e armas do Irã, é improvável. Porque em Sanaa este
não deve ser o problema. Segundo alguns relatos, o número total do
arsenal militar, nomeadamente Kalashnikovs, no Iêmen, é mais de três
vezes a população do próprio país. […] Os iemenitas têm armas
suficientes para se defender”.
A especialista alemã em questões de islamismo e Iêmen,
Marie-Christine Heinze, opina que o Irã não será a parte do conflito no
Iêmen:
“O Irã apoiou os houthis, bem como o Hezbollah, mas não por meios
militares, não havia fornecido as armas, não foi provado. Eles os
apoiaram estrategicamente, com preparação de pessoas em campos de
treinamento. O Irã agora tem outras preocupações relacionadas com o seu
programa nuclear e não vai se envolver no conflito militar. Mas, claro,
tudo isso levará a uma nova escalada do conflito entre a Arábia Saudita e
o Irã”.
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