14 de agosto de 2021

A variante Delta em portos chineses

 

Fechamento de porto na China soa alerta para efeito dominó



·3 minuto de leitura

(Bloomberg) -- Um surto de Covid-19 que fechou parcialmente um dos portos de contêineres mais movimentados do mundo aumentou o receio de que a rápida propagação da variante delta levará a uma repetição dos pesadelos logísticos do ano passado.

O porto de Los Angeles, cujos volumes caíram por causa de um foco de Covid em junho no porto de Yantian, na China, se prepara para outra possível queda por causa da recente paralisação no porto chinês de Ningbo-Zhoushan, disse um porta-voz. Anton Posner, diretor-presidente da empresa de gestão da cadeia de suprimentos Mercury Resources, disse que muitas empresas que fretam navios já estão incluindo cláusulas contratuais relacionadas à pandemia como seguro, para que não tenham que pagar por navios encalhados.

Parecia que as coisas começavam a se acalmar, “e agora estamos com atrasos devido à delta”, disse Emmanouil Xidias, sócio da Ifchor North America, em entrevista por telefone. “Será outro golpe.”

A paralisação de Ningbo-Zhoushan reforça o temor de que portos ao redor do mundo enfrentem em breve o mesmo tipo de surtos e restrições da Covid-19 que desaceleraram o fluxo de diversas mercadorias no ano passado, desde alimentos perecíveis a eletrônicos. O coronavírus ameaça se alastrar nas docas justo quando o sistema de transporte marítimo mundial já está sob pressão de uma demanda sem precedentes em meio à reabertura das economias e expansão da manufatura.

O fechamento parcial de Ningbo “deve ser outro golpe contra os problemas das cadeias de suprimentos”, segundo relatório de Jeffrey Halley, analista de mercado sênior para Ásia-Pacífico na empresa de câmbio Oanda Asia Pacific. Ele prevê surtos pequenos de Covid-19, mas amplamente espalhados na China continental, fechamento parcial de portos e implicações para o comércio global. “Nada disso deve ser positivo para ações regionais, moedas ou preços de energia.”

Em comunicado na noite de quinta-feira, o porto de Ningbo-Zhoushan disse que todos os outros terminais além de Meishan estão operando normalmente. O porto negocia com companhias de transporte marítimo, direcionando-as para outros terminais e divulgando informações em uma plataforma de dados em tempo real, disse.

Para minimizar o impacto, o porto também tem ajustado o tempo de operação de outros terminais para garantir que os clientes possam liberar as remessas. Um porta-voz do porto disse que não houve mais atualizações quando contatado na sexta-feira.

Alguns navios que atracaram no terminal de Meishan antes do fechamento estão suspendendo as operações de carga até a reabertura, de acordo com aviso enviado pela empresa de transporte marítimo CMA CGM para clientes.

Voos cancelados

A cidade de Ningbo ainda é considerada uma área de baixo risco de Covid-19, de acordo com a comissão de saúde da cidade, embora voos de ida e volta à capital Pequim tenham sido cancelados.

Autoridades em Ningbo disseram que o trabalhador do porto havia sido imunizado com uma vacina inativada e recebeu a segunda dose no dia 17 de março. O trabalhador não apresentava sintomas na quinta-feira e foi infectado com a cepa delta, segundo o sequenciamento genético. A investigação epidemiológica mostra que o funcionário teve contato próximo com trabalhadores marítimos de navios de carga estrangeiros.

O índice Baltic Dry, que serve como referência global para os preços de transporte a granel, acumula alta acima de 10% na comparação com os 30 dias anteriores, coincidindo com a rápida propagação da variante delta.

Embora sem efeitos significativos nos portos dos EUA por enquanto, os problemas na China podem afetar empresas que dependem das exportações de contêineres que saem do país. Os preços dos contêineres também dispararam: o custo de referência de embarcar um contêiner de Xangai para Los Angeles subiu mais de 220% nos últimos 12 meses, para US$ 10.322 esta semana.

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