9 de janeiro de 2017

Trump agora admite interferência russa em eleições de 2016 nos EUA

Donald Trump admite retaliar contra a Rússia



Reince Priebus, que será o chefe de gabinete do futuro Presidente, disse à Fox News que Trump já aceitou o relatório que responsabiliza Putin pelos ataques informáticos à sua adversária presidencial.







O futuro Presidente dos Estados Unidos não deixará de retaliar contra a Rússia por causa das ações de pirataria informática e outras táticas empregues por Moscow para tentar influenciar o desfecho das eleições presidenciais norte-americanas, garantiu este domingo Reince Priebus, que será o chefe de gabinete de Donald Trump na Casa Branca.
Pressionado sobre as declarações de Trump, que desvalorizou o assunto e pôs mesmo em causa as conclusões das agências de informação e serviços secretos dos Estados Unidos que acusavam a Rússia, Reince Priebus acabou por revelar que o Presidente eleito já “compreendeu” que foi Moscow que esteve por trás dos ataques informáticos ao Partido Democrata. “Ele aceita o facto que este caso particular envolve entidades na Rússia”, revelou Priebus numa entrevista ao programa Fox News on Sunday, acrescentando ainda que Trump está preparado para “tomar medidas” em resposta
A questão tem dominado o noticiário desde que vieram a público as conclusões do relatório da CIA, FBI e NSA sobre as acções de Moscow. Os investigadores acusaram Vladimir Putin de ter ordenado uma campanha concertada para prejudicar e descredibilizar a adversária presidencial de Trump, Hillary Clinton: foi uma “escalada significativa” nos esforços russos para prejudicar a “ordem liberal e democrática dos EUA”, consideraram.
As declarações de Donald Trump e outros líderes republicanos mereceram este domingo a crítica do Presidente Barack Obama, que lamentou a falta de confiança revelada pelo futuro ocupante da Casa Branca no trabalho dos serviços de informação e espionagem. “Quando falei com ele, disse-lhe que só tomará boas decisões se tiver confiança que o sistema funciona”, revelou Obama, numa entrevista transmitida este domingo no programa This Week da cadeia ABC.
Defendendo a competência das agências norte-americanas, o Presidente disse que as investigações demonstraram que “os russos tencionavam interferir e interferiram na eleição” – e fez uma espécie de mea-culpa, reconhecendo que se nunca subestimou Putin, subestimou “até que ponto poderia usar as novas tecnologias para se insinuar nas práticas democráticas” nos EUA. “E uma das coisas que me preocupam são os comentários de líderes ou analistas republicanos que parecem ter maior confiança em Vladimir Putin do que nos seus próprios concidadãos pelo simples facto de estes poderem ser do Partido Democrata”, desabafou.
Obama deixou ainda um conselho ao futuro Presidente e ao Congresso de maioria republicana que acaba de entrar em funções: para eles, devia ser uma prioridade trabalhar para fortalecer a ciber-segurança do país e evitar que actores externos pudessem interferir no processo democrático norte-americano.
Segundo disse Priebus à Fox News, o futuro Presidente tenciona pedir às mesmas agências que conduziram as investigações aos ataques informáticos que apresentem recomendações sobre o que pode ser feito em resposta aos problemas identificados – será em função dessa informação que Trump avaliará se devem ser tomadas medidas em retaliação pela ingerência russa, esclareceu, sem dar mais detalhes.
Numa outra decisão com potencial para melindrar a relação privilegiada que Donald Trump diz querer manter com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi anunciada a nomeação do senador republicano do Indiana, Dan Coats, para a direcção dos serviços de informação, espionagem e segurança. Através do Twitter, o futuro Presidente elogiou a liderança de Coats – que enquanto esteve no Senado (não se recandidatou ao cargo nas eleições de Novembro) foi um forte defensor das sanções impostas pelos EUA contra Moscow– e informou que o incumbiu de supervisionar “a vigilância sem fim da [sua] Administração contra todos os que nos tentam fazer mal”.

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