22 de maio de 2017

Brasilapso

UND: Depois nosso governo diz que está tudo muito bom, país saindo da recessão, criando empregos e tudo mais. Governo engana trouxas

Economia de Mercado Emergente do Brasil: 


Capítulo 3 "Tempestade Perfeita dos Mercados Emergentes"

Nenhum país reflete a condição e o destino das economias emergentes (EMEs) melhor do que talvez o Brasil. É tanto um dos principais produtos básicos e produtos manufaturados exportadores EME. Também se tornou recentemente um jogador nas fileiras de produção de commodities de petróleo de EMEs. Seu maior parceiro comercial é a China, na qual vende commodities de todos os tipos - soja, minério de ferro, carne bovina, petróleo e muito mais. Suas exportações para a China cresceram cinco vezes entre 2002 e 2014. Faz parte do grupo de cinco países do 'BRICS' com comércio sul-sul significativo com a África do Sul, a Índia, a Rússia e a China. Ele também negocia em volume significativo com a Europa, bem como os EUA. É uma potência agrícola, um produtor de recursos e commodities de grande peso global, e recebe grandes somas de entradas de capital monetário de AEs.
Em 2010, com o crescimento das EMEs, o crescimento do Brasil em termos de PIB cresceu a uma taxa anual de 7,6%. Ele tinha um superávit comercial de exportações sobre as importações de US $ 20 bilhões. A China pode ter sido a fonte de grande parte da demanda brasileira, mas as injeções maciças de liquidez dos bancos centrais dos EUA e da UE financiaram o investimento e a expansão da produção que possibilitou o aumento da produção do Brasil que vendeu para a China e outras economias. Foi a demanda da China, mas o crédito dos EUA e a expansão da dívida financiada pelo Brasil também. Como no caso de praticamente todas as grandes EMEs, isso começou a mudar em torno de 2013-14. A demanda da China começou a diminuir e os influxos de dinheiro dos EUA e do Reino Unido diminuíram e começaram a se inverter. Em 2014, o PIB brasileiro já havia declinado para apenas 0,1%, em comparação com a média de 4% nos quatro anos anteriores.
Em 2015 o Brasil entrou em recessão, com queda do PIB de -0,7% no primeiro trimestre e de -1,9% no segundo. O segundo semestre de 2015  foi  sem dúvida muito pior, resultando no que a imprensa brasileira já está chamando de "a pior recessão desde a Grande Depressão dos anos 30".
O vôo de capital tem continuado durante os primeiros sete meses de 2015, com média de US $ 5 a US $ 6 bilhões por mês em saída do país. No segundo semestre de 2014 foi ainda maior. A desaceleração da saída de capitais tem sido o resultado de o Brasil elevar acentuadamente suas taxas de juros internas - uma das poucas EMEs até agora tendo tomado aquela ação drástica - para atrair capital ou impedir sua fuga. As taxas de juros internas brasileiras subiram para 14,25%, entre as mais altas das EMEs. Essa escolha de dar prioridade à atração de investimentos estrangeiros tem sido um grande preço, no entanto, empurrando a economia do Brasil rapidamente para uma profunda recessão.
A escolha não impediu a saída de capital, apenas a desacelerou. Mas isso fez com que a economia brasileira ficasse praticamente parada. O resultado é um aviso claro para as EMEs de que as soluções que visam a solicitação de capital de moeda estrangeira são prováveis ​​de se revelem desastrosas. As forças que puxam dinheiro para fora das EMEs são muito grandes na situação atual. A liquidez vai fluir de volta para os AEs e não há como parar. Aumentar as taxas, como o Brasil tem, só vai entregar uma solução que é pior do que o problema.
Image result for brazil real decline
Fonte: CNBC
Tampouco essa opção de aumentar as taxas para tentar diminuir a saída de capital interrompe o declínio da moeda brasileira, o Real, que caiu 37% no ano passado. O declínio cambial dessa dimensão deveria, em teoria, estimular as exportações de um país. Mas não tem, pelas várias razões anteriormente mencionadas: nas condições atuais, os efeitos positivos do declínio da moeda no crescimento das exportações são mais do que compensados ​​por outros efeitos negativos associados à volatilidade cambial e à fuga de capitais.
O que a queda livre do Real de 37% tem feito, no entanto, é aumentar acentuadamente a inflação de bens de importação e a taxa de inflação geral. A inflação do Brasil manteve-se mais ou menos estável na faixa de 6% a 6,5% em grande parte de 2013 e até caiu para 5,9% em janeiro de 2015, mas acelerou em 2015 para 9,6% na última estimativa.
Com quase 10% de inflação até o momento em 2015 e com o desemprego praticamente dobrando, de janeiro a 4,4% a 8,3% na última estimativa para julho, o Brasil ficou atolado em um pântano de estagflação. Aumento do desemprego e aumento da inflação. Com mais de 500 mil trabalhadores demitidos apenas no primeiro semestre de 2015, não é surpreendente que o mal-estar social e político tenha crescido rapidamente no Brasil.
O futuro próximo pode ser ainda mais instável. Como muitas EMEs, o Brasil, durante o período de expansão, emprestou a liquidez oferecida pelos banqueiros e investidores de AEs (disponibilizados pelos bancos centrais da AE a seus banqueiros com juros praticamente nulos) para financiar a expansão. Isso é tanto o governo e empréstimos do setor privado e, portanto, dívida. A dívida do governo brasileiro como percentual do PIB cresceu em apenas 18 meses de 53% para 63%. Mais importante ainda, a dívida do setor privado é agora de 70% do PIB, contra 30% em 2003. Grande parte dessa dívida é dívida de "junk bond" ou "alto rendimento" emprestada a altas taxas de juros e denominada em dólar. Isso significa emprestado de investidores norte-americanos e seus bancos-sombra e bancos comerciais e, portanto, pagável em dólares-dólares obtidos de vendas de exportação para clientes dos EUA que estão desacelerando. Uma idéia da má qualidade desta dívida é indicada pelo fato de que os juros mensais pagos para empresas do setor privado brasileiro já estão estimados para absorver 31% de sua renda.
Com a queda da renda das exportações, com o dinheiro do capital fugindo do país e tornando-se inacessível, e com juros cada vez maiores necessários para refinanciar a dívida quando ela vem - o setor privado brasileiro  está extremamente "frágil". Quão frágil poderá ser em breve determinado. As empresas não-financeiras do Brasil têm US $ 50 bilhões em títulos que são  refinanciados apenas no ano, 2016. E com a exportação e a renda em declínio, o capital estrangeiro cada vez mais indisponível e as taxas de juros como 14,25% - será interessante ver como o Brasil vai obter os US $ 50 bilhões refinanciados? Se o setor privado não pode rolar sobre essas dívidas com êxito, então algo muito pior ainda está por vir a partir de 2016 como empresas inadimplentes em sua dívida do setor privado.
A resposta da política monetária brasileira à crise dos mercados eletrônicos de colapso da demanda e das exportações, da queda dos valores das moedas, da fuga de capitais e da inflação e do desemprego domésticos tem sido a de elevar as taxas de juros. A resposta da política fiscal do Brasil não foi menos contraproducente. Sua resposta fiscal foi reduzir os gastos e orçamentos do governo em US $ 25 bilhões, ou seja. Instituir uma política de austeridade. Tal como a sua resposta da política monetária de elevar as taxas, a sua resposta da política orçamental de austeridade apenas irá retardar ainda mais a sua economia real.
As lições do Brasil são as lições das EMEs em geral, como eles enfrentam uma crise de aprofundamento, uma crise que se originou não nas EMEs, mas primeiro nos AEs e, em seguida, na China. Mas tentar parar o trem de vôo de capital que já deixou a estação e não vai voltar "(para usar uma metáfora) vai falir. Assim também falhará competir pelas exportações em uma corrida para o fundo com os AEs. O Japão e a Europa têm a intenção de reduzir as suas moedas, a fim de obter uma parte ligeiramente superior do encolhimento da tarte comercial global. As EMEs não têm as reservas de moeda ou outros recursos para sobreviver a elas em uma guerra monetária de tit-for-tat. Em vez de tentar invocar de algum modo a inversão dos fluxos de capital monetário AE ou das exportações para os mercados AE como forma de recuperação e crescimento, as EME terão de tentar encontrar uma forma de expandir mutuamente as suas relações económicas e de criar novas instituições entre si e Um "novo modelo" de crescimento na EME. Eles não "quebraram o velho modelo EME"; Foi quebrado para eles. E eles não podem restaurá-lo desde  que os  AEs decidiram abandoná-lo.

Imagem em destaque: The Information Company

A fonte original deste artigo é Kyklos Productions

Um comentário:

Cesar disse...

Obviamente depois da "presidenta" ter levado o País para o buraco, não é de uma hora para outra que se sairá de lá.... E agora, com seu vice e ex-aliado sendo envolvido no atual escândalo, fica ainda mais difícil.... Enfim, que o TSE casse logo a chapa Dilma-Temer... Ou que venha outro impeachment....