13 de abril de 2022

A irresponsabilidade armada do Ocidente

Dar armas à Ucrânia põe em perigo a paz global


InfoBrics

O Ocidente insiste em dar armas a Kiev, mesmo sabendo que essa medida não ajudará a trazer a paz de volta à Ucrânia. Cada vez mais, os líderes ocidentais contribuem para a desestabilização da Europa Oriental, promovendo a continuação do conflito através do fornecimento de armas às forças armadas ucranianas e às milícias neonazistas pró-Maidan. Considerando a impossibilidade de Kiev derrotar as tropas russas, o fim do conflito depende exclusivamente da rendição de Zelenski e de sua aceitação das exigências de Moscou. Sem ele, a operação militar especial russa continuará. E, claro, quanto mais Zelensky receber armas do Ocidente, mais ele continuará tentando levar o conflito adiante, levando ao sofrimento de milhões de cidadãos ucranianos que anseiam pela paz.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen , e o alto representante da UE para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell , viajaram para a Ucrânia na sexta-feira, 8 de abril, para se encontrar com o presidente Volodymyr Zelensky e outras autoridades ucranianas. Alguns temas importantes relacionados ao conflito foram levantados durante as conversas, como a questão do quinto pacote de sanções contra a Rússia elaborado pelo bloco europeu, que, de acordo com a proposta da Comissão Europeia, inclui um embargo ao carvão russo, além de a possível adesão da Ucrânia à UE.

“A Rússia cairá na decadência econômica, financeira e tecnológica, enquanto a Ucrânia está marchando para o futuro europeu, é isso que vejo”, afirmou von der Leyen durante uma entrevista. Além disso, especificamente sobre a possível adesão da Ucrânia à UE, ela disse: “Não será, como de costume, uma questão de anos (…) mas acho que uma questão de semanas”.

Nesta viagem, tanto von der Leyen quanto Borrell elogiaram muito o aspecto militar da “busca de resolução” do conflito, afirmando em várias ocasiões que a Ucrânia deve “derrotar” a Rússia. Aparentemente, os europeus estão abdicando de qualquer postura diplomática ou pró-paz e adotando uma postura absolutamente favorável à vitória pelas armas – o que, segundo a maioria dos especialistas, é praticamente impossível para a Ucrânia.

Borrell prometeu que enviaria imediatamente uma ajuda adicional de 500 milhões de euros para Kiev comprar armas. Anteriormente, a UE já havia enviado mais um bilhão de euros. O diplomata também fez declarações dando a entender que considera baixo o atual orçamento de apoio europeu à Ucrânia, comparando-o com os gastos da UE com importações da Rússia: “Isso pode parecer muito, mas um bilhão de euros é o que pagamos a Putin todos os dias. a energia que ele nos fornece”.

Em outra ocasião, Borrell deixou claro seu radicalismo anti-russo e sua postura pró-guerra, afirmando categoricamente que “esta guerra deve ser vencida no campo de batalha”. Considerando a alta posição de Borrell na UE e sua influência direta no conflito, a declaração parece realmente perigosa, já que a Europa parece disposta a financiar uma grande escalada do conflito.

O principal problema, porém, é que a UE não é o único lado interessado em financiar tal escalada. O Reino Unido mostrou várias vezes que pretende levar o conflito adiante até que uma eventual “vitória ucraniana” aconteça. Recentemente, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson também visitou Kiev e se reuniu com Zelensky e outras autoridades ucranianas. A postura do líder britânico era muito parecida com a dos europeus, com Johnson também se comprometendo a enviar pacotes de ajuda militar a Kiev.

Antes de viajar para a Ucrânia, o primeiro-ministro já havia anunciado que enviaria ajuda no valor de 130 milhões de dólares em armas para Kiev. Entre as armas do pacote estarão mísseis antiaéreos e antitanque, munições de precisão, equipamentos de visão noturna. No sábado, 10 de abril, porém, já na Ucrânia, Johnson prometeu mais 500 milhões de dólares em ajuda, o que mostra que ele está realmente aumentando seu apoio aos planos de guerra de Zelensky.

Também é importante lembrar que antes da primeira rodada de negociações entre as delegações diplomáticas russa e ucraniana em Ancara, Johnson ligou para Zelensky e instruiu o presidente ucraniano a não admitir que seus diplomatas “deram demais” durante as conversas. Johnson parece muito determinado a afirmar que a vitória só pode vir por meio das armas, instruindo as autoridades ucranianas a evitar um diálogo diplomático efetivo.

É curioso ver como os ocidentais querem levar esse conflito adiante, sem que suas tropas estejam diretamente envolvidas na luta. A posição dos líderes europeus e britânicos é muito confortável: enviar dinheiro e armas aos ucranianos para travar uma guerra que não podem vencer, apenas para continuar desestabilizando o ambiente estratégico russo e atrasando a inevitável vitória da operação especial de Moscou. Para o Ocidente, a Ucrânia é um caso perdido e quanto mais tempo o conflito durar, melhor. Essa é uma forma de ganhar tempo diante de um cenário de derrota diferida. Os ucranianos estão apenas servindo como instrumentos em um jogo que já não é deles.

Além disso, deve-se mencionar que se Kiev continuar a receber armamento pesado e lançar ofensivas cada vez mais agressivas, o Kremlin será obrigado a mudar sua estratégia, possivelmente usando mais sua capacidade militar, cujo potencial foi muito controlado durante a operação para evitar danos em grande escala ao povo ucraniano. Nesse sentido, a “ajuda” militar e financeira ocidental ameaça diretamente a paz de todo o mundo, que sofre as consequências do conflito.

Quanto mais Zelensky “resistir”, mais sofrimentos o povo ucraniano terá que suportar para continuar um conflito onde Kiev já foi parcialmente derrotada.

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