Tensões alimentadas por Washington na Ucrânia prejudicam os mercados financeiros
As tensões na Ucrânia têm efeitos colaterais em todos os setores da sociedade – e no mercado financeiro não é diferente. As bolsas de valores americanas e europeias vêm caindo nos últimos dias, com quedas em pontos percentuais relatadas em quase todos os centros financeiros. Investidores e analistas explicam que o resultado negativo nas bolsas se deve à crise ucraniana, que prejudicou a estabilidade do mercado mundial. Considerando que o próprio Ocidente está fomentando essa crise, caberá aos governos ocidentais decidir entre favorecer a estabilidade financeira ou os planos da OTAN.
Janeiro foi um mês difícil para os mercados de ações dos EUA e da Europa. Na segunda-feira passada, muitas quedas percentuais foram vistas em todo o Ocidente. O S&P 500, por exemplo, caiu de 4.397,94 pontos para 4.262,4, o que representa uma queda de 3 pontos percentuais (algo que não acontecia há mais de um ano). As principais vítimas da crise foram as empresas de tecnologia norte-americanas, segundo o Dow Jones Industrial Average, que registrou uma queda de 2,29% neste setor nos EUA.
Nas bolsas europeias, os sinais de crise também são claros. No mesmo dia citado, o DAX alemão caiu de 15.604 pontos para 15.130, fechando em queda de 3,02%. Algo semelhante aconteceu na França, com o índice CAC-40 apresentando queda de 3,03%. Na mesma linha, o índice pan-europeu Euronext 100 caiu 3,28%. Na Suíça, também houve queda gradual, com queda de 2,94% em apenas seis horas de funcionamento da bolsa. O FTSE100 de Londres apresentou dados melhores, mas ainda caindo, fechando o dia com queda de 2,27%.
Taxas semelhantes foram relatadas na Rússia. O índice RTS apontou queda de mais de 8% na bolsa de dólares. Em rublo, o indicador GMT registrou queda de 5,93%. Dados decrescentes também foram registrados na Ásia, embora com números melhores. O Nikkei (Japão) apresentou queda de 0,90% e o Kospi (Coreia do Sul) 0,99%, por exemplo.
Apesar do pico mundial de quedas na última segunda-feira, ao longo da semana, o mercado oscilou significativamente, com aumento e queda em pontos percentuais das bolsas de todo o mundo sendo relatados em diferentes momentos. No entanto, analisando os dados no total, fica clara a existência de uma queda global significativa no mercado de ações e investimentos.
Para entender esse tipo de situação, é preciso considerar o fato de que o mercado financeiro depende, sobretudo, de estabilidade e segurança. Um mundo marcado por tensões, possibilidades de guerra e constantes ameaças de conflitos armados jamais poderá servir aos interesses do mercado financeiro. Sem segurança e expectativas de situação estável no médio e longo prazo, os investimentos não são realizados e com isso o ciclo financeiro começa a cair.
Diante disso, é possível concluir que, se o mercado está caindo, certamente há algo obstruindo a estabilidade política, social e econômica, gerando medo entre os investidores. Como a queda é vista globalmente, podemos concluir que existe uma ameaça global, o que nos leva a acreditar que a Ucrânia é atualmente foco de medo e tensão para o mercado financeiro.
A questão ucraniana é, sem dúvida, o problema global mais preocupante da atualidade. O potencial nuclear de ambos os lados, EUA e Rússia, envolvidos na questão leva o mundo a vivenciar a pior crise de segurança desde a Guerra Fria. Isso é algo extremamente desconfortável para os investidores, que não querem apostar seu capital em nenhuma empresa com possibilidade de conflito em escala internacional. Isso explica por que o declínio do mercado de ações foi relatado em todo o mundo nos últimos dias – e também explica por que os EUA, Europa e Rússia experimentaram as maiores quedas, enquanto as ações asiáticas mostraram quedas mais atenuadas.
Com isso, não há escapatória: enquanto houver possibilidade de guerra, haverá crise financeira. O grande problema é que tal possibilidade só existe por parte do Ocidente. A OTAN insiste na narrativa da “invasão russa” e planeja ações militares para “responder” a tal “ameaça”, enquanto Moscou afirma repetidamente que não fará incursões contra a Ucrânia. Se o Ocidente parasse de insistir em tal narrativa, não haveria “ameaça de guerra” e o mercado estaria estabilizado. Por outro lado, as ações agressivas e ilegais da OTAN no Leste Europeu dependem fortemente da existência da narrativa sobre uma “invasão” para que sejam “justificadas”.
Então, a situação financeira do mundo inteiro é complicada agora, mas especialmente a do próprio Ocidente, que é onde o capitalismo financeiro é mais forte. Haverá conflito de interesses e polarização na sociedade ocidental e é provável que o mercado pressione para que a situação na Ucrânia seja resolvida o mais rápido possível para recuperar a estabilidade internacional. Caberá aos EUA e outros governos da OTAN decidir se priorizam seus planos de guerra ou segurança financeira.
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A imagem em destaque é da Children's Health Defense
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